domingo, 29 de março de 2015 | 17h:30 Manuel Alegre homenageado em Itália O poeta Manuel Alegre é homenageado em Itália, no próximo domingo e segunda-feira, no âmbito do cinquentenário da primeira edição de 'Praça da Canção', o livro em que o poeta pressagiou a Revolução de Abril de 1974. Um dos poemas incluídos neste livro, editado pela primeira vez em 1965, e logo proibido pelo regime instituído de Censura Prévia da ditadura, intitula-se "País de Abril" e, um outro, "Nós voltaremos sempre em maio", regista outra coincidência, observada à distância de 40 anos dos acontecimentos revolucionários, já que o poeta regressou a Portugal, do exílio em Argel, precisamente em maio de 1974. "Praça da Canção" foi reeditada em janeiro último pelas Publicações D. Quixote, com um prefácio do jornalista e escritor José Carlos de Vasconcelos, no qual sublinha que esta obra, "dentro de uma linha que remonta aos cancioneiros (...), há muito ultrapassou fronteiras". No próximo domingo, na Galeria do Palazzo Leoni Montannari, em Vicenza, no nordeste de Itália, Manuel Alegre participa numa sessão integrada no Festival Mundial de Poesia, inteiramente dedicada aos 50 anos de "Praça da Canção", durante a qual, actores e cantores italianos vão declamar e cantar alguns dos poemas da obra, afirma em comunicado a editora. Na segunda-feira, em Pádua, também no nordeste de Itália, na universidade local, onde existe uma cátedra com o nome de Manuel Alegre, o poeta participa numa mesa redonda, em que será "debatida a importância que teve, em Portugal e não só", a publicação de "Praça da Canção", segundo a mesma fonte. No prefácio, José Carlos Vasconcelos enfatiza que é difícil, a quem não viveu o tempo anterior a Abril de 1974, "ter uma ideia ou imagem cabal do que nele representavam certos factos e acontecimentos hoje banais, o que representava, e representou, o enorme impacto, a diversos níveis, do aparecimento de 'Praça da Canção'". Apesar de proibido e confiscado pela Polícia, o livro "começou a circular clandestinamente, copiografado, datilografado, [e] passado à mão". O jornalista, diretor do Jornal de Letras, Artes & Ideias, recorda que não havia sessão cultural, encontro ou debate, "em que os poemas de Manuel Alegre não fossem cantados ou ditos". Para Vasconcelos, "Praça da Canção" é "um dos livros de poesia mais lidos, mais difundidos e mais marcantes no seu tempo, da poesia portuguesa de sempre". O poeta é um dos mais cantados. Entre os nomes que gravaram letras suas, destacam-se Amália Rodrigues, Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Carlos do Carmo, Luís Cília, Janita Salomé e João Braga. Voltar!